Em um mundo que por muito tempo negou visibilidade, prêmios e poder de fala às mulheres — especialmente às mulheres negras —, Halle Berry se destacou não apenas pelo talento, mas pela coragem de abrir portas que antes pareciam trancadas. Atriz premiada, produtora, empresária e ativista da saúde, Halle se tornou um símbolo de superação, representatividade e reinvenção ao longo de sua carreira de mais de três décadas.
Ela é, até hoje, a única mulher negra a vencer o Oscar de Melhor Atriz, um feito histórico que ocorreu em 2002, quando foi reconhecida por seu papel no filme A Última Ceia (Monster’s Ball). Durante seu discurso de agradecimento, Berry emocionou o mundo ao declarar:
“Este momento é muito maior do que eu. É para cada mulher de cor sem nome e sem rosto agora, que tem agora uma chance porque essa porta foi aberta.”
Apesar do impacto desse momento, mais de vinte anos depois, nenhuma outra mulher negra recebeu o mesmo reconhecimento na principal categoria de atuação da Academia. Em entrevista à Variety, em 2021, Berry expressou sua frustração:
“Isso não abriu a porta. O fato de que não há ninguém ao meu lado é de partir o coração.”
Ela ainda comentou que esperava ver outras mulheres negras premiadas, como Viola Davis, Andra Day e Cynthia Erivo, mas que essa expectativa ainda não se concretizou.
Mais do que uma atriz: uma mulher que constrói legados
Ao longo de sua carreira, Halle Berry ultrapassou o papel de musa ou estrela de Hollywood. Ela passou a produzir seus próprios filmes, a escolher personagens complexas e a se posicionar publicamente sobre temas como racismo, misoginia, saúde mental, maternidade solo e envelhecimento feminino.
Ela interpretou figuras marcantes, foi a primeira mulher negra a ser Bond Girl, quebrou estereótipos com papéis fortes como em Mulher-Gato e X-Men. Mais recentemente, dirigiu seu próprio filme (Bruised) aos 55 anos, provando que talento e coragem não têm prazo de validade.
A virada para a saúde e a criação da Respin Health
Mas talvez uma das maiores contribuições de Halle Berry para o mundo feminino esteja apenas começando, e vai muito além das telas. Em 2023, ela fundou a Respin Health, uma startup de tecnologia em saúde voltada para apoiar pessoas com doenças respiratórias crônicas — como asma e DPOC —, mas também para acolher as transformações do corpo feminino na menopausa.
O projeto é inovador: usa tecnologia vestível e inteligência artificial para monitorar padrões respiratórios, gerar dados personalizados e prevenir crises em pessoas com problemas crônicos. Mas a missão da Respin vai além dos pulmões — e entra no terreno do que ela chama de o maior “respin” de todos: a menopausa.
Um novo olhar sobre a menopausa: da invisibilidade à revolução
Halle Berry tem sido uma das poucas figuras públicas a falar abertamente sobre os efeitos da menopausa — um tema que, embora natural e comum, ainda é tratado com silêncio, estigma e despreparo médico. Em sua fala mais recente sobre o projeto, ela declarou:
“Na RESPIN, estamos abraçando o que acredito ser o maior ‘respin’ de todos – a menopausa. Minha própria carreira tem sido uma jornada de 30 anos de redefinição do sucesso, assumindo riscos e me defendendo. O que descobri é que quando me defendo, defendo todas as mulheres — somos mais fortes quando fazemos isso juntas como uma comunidade.”
Com esse espírito, a Respin Health foi desenhada para ser um recurso de apoio, acolhimento e conhecimento para mulheres que:
estão vivendo a menopausa,
estão à beira dela (perimenopausa),
ou se preparando para esse momento da vida.
A plataforma reúne dados clínicos, conteúdos educativos, práticas de autocuidado e monitoramento de sintomas, buscando devolver às mulheres o poder de compreender e cuidar do próprio corpo.
“Estamos construindo o que eu gostaria de ter tido: um recurso para mulheres no meio da menopausa, à beira dela ou se preparando para ela. A menopausa afeta mais da metade da população mundial, mas muitas mulheres enfrentam vergonha, estigma e cuidados inadequados. Isso termina hoje.”
Com essa declaração, Berry sela o compromisso de transformar um dos maiores tabus em uma oportunidade de empoderamento, conversa e dignidade.
Saúde, espiritualidade e pertencimento
Um dos diferenciais da Respin Health é sua abordagem holística e humanizada. Halle acredita que saúde e bem-estar também envolvem espiritualidade, comunidade e escuta ativa. Em vez de apenas oferecer produtos, a empresa quer criar uma rede de apoio, onde mulheres possam se informar, compartilhar experiências e se fortalecer mutuamente.
Esse tipo de projeto é urgente e necessário. Estudos mostram que a maioria das mulheres na menopausa relatam falta de informações acessíveis, não se sentem compreendidas e muitas vezes têm seus sintomas confundidos com “frescura” ou “exagero”. A invisibilidade ainda é uma dor real.
Um símbolo que continua abrindo caminhos
Halle Berry poderia ter se acomodado ao status de celebridade. Mas escolheu ser agente de mudança — seja ao denunciar o racismo estrutural da indústria cinematográfica, seja ao investir em tecnologias que ampliam o cuidado com mulheres reais, com corpos reais, em momentos de vida reais.
Ela não busca ser única — pelo contrário, lamenta que ainda seja. Deseja que outras mulheres negras também ocupem esses espaços de visibilidade, reconhecimento e poder. Enquanto isso não acontece, ela continua abrindo caminhos com coragem e propósito.
Juntas, somos mais fortes
O trabalho de Halle Berry — nas telas, nas empresas e nos bastidores — mostra o poder de reivindicar espaço, curar feridas históricas e reescrever narrativas. Ela é prova viva de que representatividade importa, de que saúde é também uma questão de gênero e raça, e de que a menopausa não é o fim, mas um recomeço.
Mais do que inspirar, Halle Berry está construindo recursos concretos para que as mulheres tenham o apoio que merecem. Como ela mesma disse, “somos mais fortes quando fazemos isso juntas como uma comunidade.” E, com iniciativas como a Respin Health, essa comunidade só tende a crescer — com mais informação, acolhimento e voz.
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