O que revela a pesquisa sobre dinheiro e preocupação
Uma pesquisa do Instituto Ipsos, divulgada pelo G1 Economia, mostrou que quase metade dos brasileiros considera o dinheiro como sua maior preocupação diária. Esse dado reflete um cenário de instabilidade econômica, insegurança no trabalho e dificuldades em organizar o orçamento familiar.
Essa constatação nos leva a refletir não apenas sobre a renda e os gastos, mas também sobre o impacto emocional da falta de estabilidade financeira. Afinal, a preocupação constante com dívidas, contas e futuro pode comprometer tanto a saúde mental quanto a qualidade de vida.
Por que o dinheiro preocupa tanto?
O dinheiro preocupa porque está diretamente ligado à sobrevivência, bem-estar e segurança. Contas básicas como aluguel, alimentação, saúde e transporte dependem de recursos financeiros. Quando a renda não é suficiente para cobrir essas necessidades, instala-se uma sensação de ameaça constante.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação acumulada nos últimos anos tem impactado de forma significativa o custo de vida, encarecendo produtos e serviços essenciais. Enquanto isso, os salários muitas vezes não acompanham esse aumento. Como resultado, muitas famílias precisam escolher entre quitar dívidas ou manter o consumo básico, o que gera ainda mais estresse.
Outro ponto é a falta de educação financeira. Dados da Pesquisa de Educação Financeira da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam que menos de 30% dos brasileiros têm conhecimento adequado sobre juros, crédito e planejamento de gastos.
Impactos da preocupação com o dinheiro na vida cotidiana
As preocupações financeiras não ficam restritas ao bolso. Elas se refletem em diferentes aspectos da vida. Entre os principais impactos, podemos destacar:
Saúde mental: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse financeiro é uma das principais causas de ansiedade e depressão no mundo.
Relacionamentos pessoais: Estudos publicados na revista Journal of Family and Economic Issues mostram que questões financeiras estão entre os principais fatores de conflito conjugal.
Produtividade no trabalho: Pesquisas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelam que trabalhadores endividados apresentam maior dificuldade de concentração e maior risco de afastamentos.
Planejamento de futuro: Quando o presente é marcado por instabilidade, torna-se difícil pensar em metas de longo prazo, como aposentadoria ou compra de um imóvel.
Esses efeitos mostram que o dinheiro vai muito além de números: ele se conecta com o equilíbrio emocional e com a realização pessoal.
Diferenças entre gerações e renda
A pesquisa citada pelo G1 também apontou diferenças importantes no grau de preocupação com dinheiro entre diferentes faixas etárias e sociais.
Jovens adultos (18 a 29 anos): costumam sentir insegurança quanto à carreira e à conquista de independência financeira.
Adultos de meia-idade (30 a 49 anos): enfrentam responsabilidades maiores, como sustentar filhos, pagar financiamento de casa ou carro. É o grupo que mais sente o peso das dívidas.
Idosos (60+): embora já aposentados, enfrentam preocupações com o custo de vida, especialmente em relação à saúde e ao apoio familiar.
Quanto à renda, o resultado é ainda mais evidente: famílias de baixa renda têm preocupações diárias sobre a sobrevivência, enquanto famílias de renda média e alta, mesmo com maior estabilidade, relatam insegurança quanto ao futuro e à possibilidade de manter o padrão de vida.
Estratégias práticas para reduzir a ansiedade financeira
Embora as preocupações com dinheiro sejam comuns, existem estratégias que podem ajudar a reduzir a ansiedade financeira. Entre as mais eficazes estão:
Organizar o orçamento mensal
Criar uma planilha de gastos ou utilizar aplicativos de controle financeiro ajuda a visualizar para onde o dinheiro está indo. Pesquisas do Banco Central do Brasil mostram que famílias que acompanham o orçamento têm até 40% menos risco de endividamento.Criar uma reserva de emergência
Ter um valor guardado para imprevistos traz segurança e reduz o medo de dívidas. Especialistas da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) recomendam entre 3 e 6 meses de despesas fixas.Evitar dívidas desnecessárias
O uso consciente do cartão de crédito e do cheque especial é fundamental. Segundo o Banco Central, os juros do rotativo ultrapassam 400% ao ano, tornando essa dívida uma das mais pesadas do mercado.Estabelecer metas realistas
Pensar em objetivos de curto, médio e longo prazo ajuda a dar sentido ao esforço financeiro e cria motivação para manter a disciplina.Buscar informação e educação financeira
A própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM) disponibiliza conteúdos gratuitos para orientar sobre investimentos e planejamento. Ler livros, acompanhar blogs confiáveis (como o próprio Renda Consciente) e assistir a palestras pode transformar a forma de lidar com o dinheiro.
Caminhos possíveis para reduzir a ansiedade financeira
O fato de metade dos brasileiros enxergar o dinheiro como sua principal preocupação não deve ser ignorado. Portanto, esse dado reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à geração de empregos, valorização salarial e ampliação do acesso à educação financeira.
Por outro lado, cada pessoa também pode adotar medidas individuais que favoreçam maior tranquilidade. O equilíbrio entre consumo consciente, planejamento financeiro e cuidados com a saúde mental é fundamental para atravessar momentos de crise sem perder a qualidade de vida.
O dinheiro, inevitavelmente, continuará sendo um fator de preocupação em algum grau. No entanto, quando tratamos o tema com responsabilidade, informação e estratégia, a ansiedade financeira pode ser reduzida, dando espaço para um futuro mais estável e menos estressante.
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